O blefaroespasmo é vulgarmente conhecido como o “tremor nos olhos” ou “tremor nas pálpebras”, que pode ser devido apenas ao cansaço ou stress ou, então, porque existe alguma patologia (doença) que origina esta sintomatologia. Na maioria dos casos, como veremos mais adiante, os “olhos tremem involuntariamente” apenas devido ao cansaço ou ao stress, contudo em caso de persistência da sintomatologia é importante efetuar consulta com o médico oftalmologista.
O blefaroespasmo é, muitas vezes, descrito pelos doentes como uma espécie de “tremeliques nos olhos”, “tremedeira nos olhos”, “olho tremendo ou a tremer”, “olho piscando ou a piscar”, “olho pulando ou a pular”, “pálpebra tremendo ou a tremer”, sempre de uma forma involuntária. Para além destas e, dada a sua frequência, muitas outras expressões são utilizadas pelos doentes.
Cientificamente o blefaroespasmo essencial ou benigno consiste na contração espasmódica e involuntária dos músculos das pálpebras, especificamente dos músculos orbiculares das pálpebras, podendo esta contracção ocorrer de forma unilateral (no olho direito ou no olho esquerdo) ou bilateral (nos dois olhos).
Na síndrome de blefaroespasmo apesar de os espasmos musculares involuntários serem identificados como queixas de tremores nos olhos, estes consistem em tremores das pálpebras (tremor palpebral) que podem ocorrer na pálpebra superior ou na inferior.
O blefaroespasmo é uma distonia muscular que é caracterizada por espasmos musculares involuntários (“tremores involuntários”) que resultam em movimentos e posturas anormais. Para além das pálpebras, os espasmos podem afetar outras partes do corpo como a cabeça, pescoço ou mão (distonias focais), ou afetar duas partes como o pescoço ou o braço (distonias segmentares), um dos lados do corpo (hemidistonia) ou o corpo inteiro (distonia generalizada).
O blefaroespasmo deve ser distinguido da mioquimia que consiste num ”tremor palpebral” que impede que a pessoa “pisque os olhos”.
Blefaroespasmo – diagnóstico
O diagnóstico deve ser realizado através de um minucioso exame oftalmológico, designadamente através do reflexo trigémino-palpebral e pelo reflexo ótico-palpebral, no sentido de despistar eventuais doenças associadas ao blefaroespasmo, como por exemplo, o derrame cerebral (hemorragia).
O diagnóstico de blefaroespasmo pode ser realizado na idade infantil, juvenil, nos adultos e nos idosos. O diagnóstico deve ser efetuado pelo médico oftalmologista, que em alguns casos, pode encaminhar o doente para outras especialidades médicas, como a Neurologia, por exemplo.
O blefaroespasmo ocular é um blefaroespasmo essencial que maioritariamente é benigno, mas em casos mais extremos pode ser diagnosticado como blefaroespasmo maligno. Pode, ainda, ocorrer um blefaroespasmo secundário que deriva de um outro problema de saúde.
O blefarospasmo pode ser leve, intenso, grave ou agudo. Quando o blefaroespamo é persistente poderá ser um indício de uma doença ocular ou neurológica.
Blefaroespasmo – causas
Na maioria dos casos de blefaroespasmo as causas estão associadas a condições de stress e ansiedade, nervosismo, cansaço físico, carência de vitaminas (especialmente de vitamina B), magnésio e de sais minerais, traumas emocionais e consumo excessivo de cafeína ou álcool.
As causas podem também estar relacionadas com um funcionamento anómalo dos núcleos basais que são estruturas cerebrais profundas, envolvidas no controlo dos movimentos oculares e palpebrais.
Podem, ainda, ser apontados como motivos o uso excessivo de computadores ou outros dispositivos eletrónicos, tais como: o telemóvel, tablet, vídeo jogos, televisão etc. O uso ininterrupto de lentes de contacto, uma condução prolongada e a leitura persistente podem também estar na origem do blefaroespasmo.
Na mulher, durante a gravidez ou gestação pode ocorrer blefaroespasmo como indicador da falta de vitamina B e magnésio, devendo neste caso haver um acompanhamento do médico obstetra e, se necessário, prescrição de medicamentos para colmatar essa carência.
No entanto, são muitos os casos de blefaroespasmos onde não existe uma causa definida. Nesta situação, designamo-lo por blefaroespasmo essencial idiopático.
Conheça, de seguida, os sinais e sintomas no blefaroespasmo.
Blefaroespasmo – sintomas
No blefaroespasmo os sintomas podem ser intermitentes, em remissão e de exacerbação (“olhos tremem muito”). O blefarospasmo pode manifestar-se durante muito tempo, ao longo de horas com alguns picos de manifestação ou manifestar-se o “tempo todo ou sem parar”), ou seja, pode persistir por dias (durante todo o dia ou ter momentos de remissão) e em alguns casos, durante semanas ou meses.
Maioritariamente, os sintomas são um incómodo persistente na parte de dentro do olho, no canto e na parte de baixo do olho, cansaço na área do olho, rejeição à poeira, “piscar” excessivo, contração lenta do olho, contração de músculos faciais, córnea seca, rejeição à luminosidade e sensibilidade à luz (fotofobia),“visão embaçada ou turva” e até mesmo dificuldades visuais que podem conduzir à cegueira.
Alguns sintomas como dores de cabeça, tonturas, lacrimejamento (“lágrimas em excesso”) podem, aliadas ao blefaroespasmo, ser um quadro clínico de algumas doenças oculares, tais como: blefarite, ceratite, glaucoma congénito, síndrome do olho seco e uveíte anterior ou enxaquecas (dores de cabeça) ou doenças neurológicas, entre outras.
Blefaroespasmo tem cura?
O blefaroespasmo pode ter diversas causas associadas. Nos casos de cansaço ou stress, o simples repouso permite resolver o problema. Nos outros casos, o prognóstico depende das causas subjacentes.
O blefaroespasmo essencial não tem cura. No entanto, podem ser realizados alguns procedimentos que nos permitam controlar os tremores das pálpebras.
Blefaroespasmo – tratamento
No blefaroespasmo, o tratamento deve ser efetuado de acordo com as causas subjacentes.
Nos casos de stress e cansaço, o doente deve procurar descansar, dormir o suficiente, combater o stress ou procurar momentos de relaxamento. Na maioria dos casos, estas atitudes permitem resolver o problema. O ato de mascar chicletes, bocejar, massajar as pálpebras pode aliviar ou fazer parar os sintomas, porém este alívio é momentâneo e não é a solução para a pálpebra deixar de tremer de uma forma definitiva.
O tratamento medicamentoso pode ser efetuado através da prescrição de suplementos de vitamina B e magnésio, entre outros medicamentos como os ansiolíticos.
Quando os tremores palpebrais persistem, recorre-se à injeção de toxina botulínica (botox) que deve ser feito em locais específicos das pálpebras. Este procedimento ajuda a diminuir a ação do músculo, evitando as contrações repetidas e pode ser utilizado várias vezes (de 5 em 5 meses) de forma a controlar o blefaroespasmo.
Em situações mais graves, como é o caso do blefaroespasmo maligno ou essencial pode ser recomendado pelo médico oftalmologista o recurso ao tratamento cirúrgico.
Blefaroespasmo – cirurgia
A cirurgia (ou operação) realizada no blefaroespasmo designa-se de miectomia e tem como primordiais objetivos a correção das alterações funcionais e eventualmente cosméticas associadas ao blefaroespasmo, neutralização e dessensibilização dos músculos de controlo da pálpebra e diminuir os intervalos da injeção de toxina botulínica.